Pequenas Irritações
O programa de televisão sobre reciclagem
Actualmente passa na televisão um pequeno programa com o Manuel Luís cada-vez-mais-irritante Goucha, que “nos vem falar” de reciclagem.
Para tal, convida uma personagem pública, geralmente actores e apresentadores, e num diálogo infantil/idiota tenta ensinar o convidado, que para isso se faz de totó, como se deve proceder com as garrafas ou com o papel ou com o raio que o parta. Depois passa para uma espécie de reportagem de rua, onde o Bizalhão, disfarçado de pessoa normal, faz perguntas aos transeuntes, também dentro do mesmo género : Onde deitam as garrafas e o papel , etc, etc.
A minha irritação com esta coisa resume-se assim : É suposto as pessoas reciclarem o lixo ou é suposto as pessoas saberem como se recicla o lixo ?
Se eu quiser deitar fora uma garrafa, e partindo do princípio que não sou o Sousa Cintra, vou deita-la ao lixo. Isto parece-me óbvio. Eu chego a um ecoponto e aí sigo as instruções que estiverem nos caixotes. Eu não quero nem me interessa possuir a informação antes de lá chegar, nem quero nem me interessa retê-la depois de lá sair. A que propósito é que devo saber na ponta da língua se o vidro é para o caixote verde ou amarelo ? Concretamente, esse conhecimento faz de nós o quê ? Grandes Cavaleiros do Caixote Tricolor ?
Esta deriva recicladora, mesmo que bem intencionada, já irrita porque ao contrário do que pensam as mentes mais altruístas, reciclar não é nada de especial. É apenas e só bom senso, e devia ser uma coisa tão natural como deitar o lixo fora. Nem mais nem menos.
O problema em Portugal, e como acontece com muitas outras coisas, é não haver os chamados Ecopontos em todo o lado. Por isso é que as pessoas não reciclam. Não é por falta de informação sobre o que é a reciclagem ou porque, como pensam os imbecis que fazem o programa do Goucha, por não saberem se o papel é no amarelo ou no azul. O que me parece é que eles aparentemente esperam que as pessoas metam o lixo no carro, se o tiverem, e vão até um ecoponto. Esta ideia até parece muito bonita e civilizada, mas a verdade é que se isso acontecesse, os ecopontos que existem estariam sempre na sua capacidade máxima , porque … não chegam para todos.
De resto, o dinheiro que é gasto na produção daquele programazeco provavelmente daria para criar meia dúzia de ecopontos por episódio. Seria mais bem gasto e revelaria inteligência e realismo no tratamento da questão. Mas suponho que isso seria muito básico, pois como sabemos, reciclar é muito complexo. Só cores, imaginem, são três, Como é que o povo vai conseguir lidar com tamanha problemática se não o educarmos com a ajuda de uma cara conhecida da televisão ?
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