A diferença
A propósito deste post no Blogo Social Português, lembrei-me de contar aqui um caso pessoal.
No passado dia de Natal, tive que ir ao Hospital de S.João, para tratar de um curativo.
Lá dentro, enquanto esperava, observei um empregado de limpeza (se não era, pareceu-me) que se entretinha a perguntar às senhoras que por ali passavam e que ele conhecia, se, e cito : “Gostas de chupar ?”. Ao que elas, de forma mais envergonhada ou mais descontraída, respondiam : “Gosto”. E era vê-lo a sacar de um rebuçado. Mais subtil só o “Do you like to put some cream ?”. Adiante.
O médico veio, calçou as luvas e porque precisava de luz, puxou o candeeiro que está por cima da cama. Liga, desliga e o dito não funciona. Vai à parede para ligar e desligar o interruptor e nada. Puxa outro e finalmente este funciona. Como entretanto já tinha contaminado as luvas, retirou-as, deitou-as ao lixo e foi buscar outras.
Primeira conclusão : O médico esteve bem ao trocar de luvas. Denotou cuidado e preocupação com o paciente. Afinal de contas, o que são umas luvas a mais ou a menos ?
Segunda conclusão : Se o hospital fosse privado, o médico primeiro acendia a luz e depois é que calçava as luvas.
Terceira conclusão : Num hospital privado, o Zézé Camarinha (versão hospitalar) em vez de andar a “meter-se” com as raparigas, teria tratado do candeeiro. Mas se calhar trocar uma lâmpada não fazia parte das suas funções, perfeitamente definidas num papel qualquer.
A diferença :
No privado, isto chama-se prejuízo e há um responsável.
No público, esta situação é classificada como desperdício, e ninguém é responsabilizado.
No privado, o custo do prejuízo é imputado ao seu causador.
No público, o custo do desperdício é suportado pelo Estado. Ou seja, por todos nós.
No privado, ninguém aceita a responsabilidade dos outros. Mas também ninguém aceita a sua.
No público, ninguém aponta responsabilidades para não ser apontado.
No privado, o médico aprenderia com o erro e iria verificar a luz primeiro. E se esta não funcionasse, pensaria satisfeito para si : “Ainda bem que me lembrei disto antes de calçar as luvas”
No público, o médico amanhã voltará a calçar as luvas antes de verificar a luz. E se esta não acender, dirá ao Zezé, enquanto as muda : “Tens aí um rebuçado ?”
No passado dia de Natal, tive que ir ao Hospital de S.João, para tratar de um curativo.
Lá dentro, enquanto esperava, observei um empregado de limpeza (se não era, pareceu-me) que se entretinha a perguntar às senhoras que por ali passavam e que ele conhecia, se, e cito : “Gostas de chupar ?”. Ao que elas, de forma mais envergonhada ou mais descontraída, respondiam : “Gosto”. E era vê-lo a sacar de um rebuçado. Mais subtil só o “Do you like to put some cream ?”. Adiante.
O médico veio, calçou as luvas e porque precisava de luz, puxou o candeeiro que está por cima da cama. Liga, desliga e o dito não funciona. Vai à parede para ligar e desligar o interruptor e nada. Puxa outro e finalmente este funciona. Como entretanto já tinha contaminado as luvas, retirou-as, deitou-as ao lixo e foi buscar outras.
Primeira conclusão : O médico esteve bem ao trocar de luvas. Denotou cuidado e preocupação com o paciente. Afinal de contas, o que são umas luvas a mais ou a menos ?
Segunda conclusão : Se o hospital fosse privado, o médico primeiro acendia a luz e depois é que calçava as luvas.
Terceira conclusão : Num hospital privado, o Zézé Camarinha (versão hospitalar) em vez de andar a “meter-se” com as raparigas, teria tratado do candeeiro. Mas se calhar trocar uma lâmpada não fazia parte das suas funções, perfeitamente definidas num papel qualquer.
A diferença :
No privado, isto chama-se prejuízo e há um responsável.
No público, esta situação é classificada como desperdício, e ninguém é responsabilizado.
No privado, o custo do prejuízo é imputado ao seu causador.
No público, o custo do desperdício é suportado pelo Estado. Ou seja, por todos nós.
No privado, ninguém aceita a responsabilidade dos outros. Mas também ninguém aceita a sua.
No público, ninguém aponta responsabilidades para não ser apontado.
No privado, o médico aprenderia com o erro e iria verificar a luz primeiro. E se esta não funcionasse, pensaria satisfeito para si : “Ainda bem que me lembrei disto antes de calçar as luvas”
No público, o médico amanhã voltará a calçar as luvas antes de verificar a luz. E se esta não acender, dirá ao Zezé, enquanto as muda : “Tens aí um rebuçado ?”
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