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A Fonte

O que há de errado comigo ? Eu não sei nada e continuo limpo.

Como se vai tornando cada vez mais claro

Uma Verdade Proibida
Por VASCO PULIDO VALENTE

Não se percebe este alvoroço universal com as listas para deputados. Desde logo, é indiferente quem eles são ou deixam de ser. O eleitorado não vota pelo sr. A, "cabeça de lista", que não conhece ou conhece mal, ou pelo sr. B, nº 7 ou 17, cuja existência ignora. A seguir, em S. Bento, os candidatos que forem eleitos terão o único dever de se levantar, ou não levantar, segundo ordens superiores. Só por um estranho hábito tribal, a mesma gente que chora e lamenta a sua insignificância e o seu servilismo se interessa, no grande momento da confecção das listas, pela sua identidade. Há ainda, neste capítulo, outro ponto a considerar: em grosso, uma pessoa que aceita um lugar no Parlamento (e não se demite no minuto seguinte) prescindiu, por força, de qualquer honestidade e do simples respeito por si própria. Foi contratada para esconder a sua opinião, apoiar o que desaprova e não fazer perguntas. Ninguém, no seu juízo, se moverá por tropa assim.
Claro que a comédia das listas, principalmente agora e principalmente no PSD (e também um pouco no PS) tem alguma graça. A atracção fatal de Santana por personalidades do submundo dos "famosos" revela bem a essência do homem. E os mesquinhos cálculos de Sócrates dão uma ideia muito exacta da mercearia (e da vingança) "socialista". Mas sobretudo o exercício demonstra exuberantemente a artificialidade do sistema político português. No PSD, o chefe atafulha à vontade as "listas" com a sua seita. No PS, é atribuída ao chefe uma quota privada de 30 por cento. E no CDS, o chefe escolhe o pequeno número de "elegíveis". De facto, em conjunto, os chefes pessoalmente nomeiam de metade da Assembleia da República, que, por inadvertência, a Constituição descreve ainda como órgão de soberania. A isto se chama, em Portugal, um Estado democrático.
De qualquer maneira, este Parlamento não promete. Em 20 de Fevereiro, quem se dispuser ao cívico sacrifício de votar sabe de ciência certa que não mudará coisa nenhuma. Para mudar alguma coisa, como se vai tornando cada vez mais claro, é preciso primeiro mudar o regime. Uma verdade por enquanto proibida
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