Artistic Roll Call
A propósito deste post, recebi um mail do Ricardo Araújo Pereira que transcrevo:
Caro Mário,
Confesso que não conhecia o seu blog (o que só abona a favor da sua qualidade), mas um amigo comunicou-me a sua inquietação de 7 de Julho (http://afonte.blogspot.com/2005/07/ele-vende-vende-vende-e-depois-no-pode.html#comments). Parece que o Carlos Vaz Marques não me fez uma pergunta fundamental, que é esta: "se no futuro surgir uma situação com o Montepio Geral, serei eu capaz de fazer humor a ridicularizar o banco?" E, diz o Mário, "o mais curioso" é que ninguém me faz esta pergunta. Eu, sinceramente, não acho assim tão curioso - e vou tentar explicar-lhe porquê. Primeiro, porque nunca vi ninguém a perguntar ao Woody Allen se é capaz fazer humor a ridicularizar a Telecom Italia depois de ele ter feito um anúncio a promover a marca. Também nunca ouvi ninguém a perguntar ao Seinfeld se será capaz de ridicularizar o American Express agora que aceitou dar a cara pelo conhecido cartão de crédito. E não tenho qualquer recordação de que alguém tenha alguma vez perguntado ao Herman se é capaz de ridicularizar a Sumol, a Mercedes e a Galp Gás, por ter feito anúncios para esses produtos. Se não perguntam isto a gigantes da comédia, porque é que haveriam de fazê-lo a um borra-botas como eu?
Segundo, e apesar de estar disposto a admitir que o Montepio Geral é, de facto, uma instituição que se presta aos mais variados e hilariantes comentários humorísticos, a verdade é que, nos sete anos de trabalho como autor de textos humorísticos que precederam a gravação do anúncio, nunca tive oportunidade de fazer uma única piada que fosse sobre o Montepio Geral - e apesar de, por dever de ofício, seguir com atenção o que se faz no ramo da comédia no nosso país, devo dizer-lhe que não me lembro de um humorista português alguma vez ter feito uma piada que fosse sobre o Montepio. É lamentável mas nem o Herman, nem o Raul Solnado, nem o Nicolau Breyner têm piadas ao Montepio no seu repertório. É capaz de ter sido esquecimento.
Terceiro, nunca ninguém me perguntou - e, pelos vistos, a questão não é das que inquieta o Mário - se eu me sentia capaz de ridicularizar qualquer dos meus outros empregadores. Isto, sim, eu acho curioso. Porque é que o Mário escolheu o Montepio e não outra das entidades que me paga para fazer o meu trabalho? Porque é que está preocupado em saber se eu sou capaz de ridicularizar o Montepio mas não tem interesse nenhum em saber se eu me sinto com força para fazer pouco da SIC, do Balsemão, d' A Bola, do Público, da TSF, das Produções Fictícias - e de todas as outras entidades pelas quais já fui remunerado (e que têm, muitas delas, bastante mais razões para serem escarnecidas do que o Montepio)?
Pessoalmente, poderia avançar com uma explicação. Mas é bastante desagradável, e não quero acreditar nela...
Cumprimentos do
Ricardo
Em resposta ao primeiro argumento, só posso dizer que se não perguntaram nada aos gigantes como ele diz, deviam ter perguntado, e se calhar até perguntaram. O segundo argumento não tem sequer tem cabimento nesta questão. Quanto ao terceiro, que é o único que aparentemente tem alguma ponta que se lhe pegue, não deixa de ser uma falácia. O Ricardo, com ou sem intenção, esquece que ele trabalha para estas empresas, não lhes faz publicidade. O Montepio não lhe paga para trabalhar. Isso seria o mesmo que questionar um comediante por ir actuar um bar qualquer, sabendo ele que depois não pode criticar esse mesmo bar.
A questão aqui é saber se alguém quando faz publicidade a uma empresa ou produto, pode depois criticar a empresa ou produto. Ou dito de outra forma, quando uma empresa contrata uma figura pública para fazer publicidade, aceita tranquilamente que depois essa mesma figura pública faça comentários negativos à empresa ou aos seus produtos ? Sejamos razoáveis. A resposta a esta questão há muito foi encontrada. Tanto o Woody Allen, como o Seinfeld, como o Herman, como o Ricardo, sabem que quando assinaram o contrato estavam também a comprometer-se, por escrito ou não, que deixariam a empresa e os seus produtos fora do raio de acção do seu humor. Para o Ricardo não dizer outra vez que estou a implicar com ele, eu dou o exemplo do Pedro Tochas : Será que se ele amanhã disser numa revista qualquer que a Frize não presta, o pessoal da Compal continua a contratá-lo ?
Basicamente, é uma opção de carreira que um artista toma consciente das suas contrapartidas. Mas que depois tem de aprender a viver com elas. O Ricardo aparentemente ainda não aprendeu.
Termino citando o Bill Hicks :
"Here's the deal, folks. You do a commercial - you're off the artistic roll call, forever. End of story. Okay? You're another whore at the captialist gang bang and if you do a commercial, there's a price on your head. Everything you say is suspect and every word that comes out of your mouth is now like a turd falling into my drink."
Apenas mais uma nota. O Seinfeld não é nenhum gigante. Convém não confundir a série, essa sim gigante, com o comediante. Em duas palavras: Larry David.
Caro Mário,
Confesso que não conhecia o seu blog (o que só abona a favor da sua qualidade), mas um amigo comunicou-me a sua inquietação de 7 de Julho (http://afonte.blogspot.com/2005/07/ele-vende-vende-vende-e-depois-no-pode.html#comments). Parece que o Carlos Vaz Marques não me fez uma pergunta fundamental, que é esta: "se no futuro surgir uma situação com o Montepio Geral, serei eu capaz de fazer humor a ridicularizar o banco?" E, diz o Mário, "o mais curioso" é que ninguém me faz esta pergunta. Eu, sinceramente, não acho assim tão curioso - e vou tentar explicar-lhe porquê. Primeiro, porque nunca vi ninguém a perguntar ao Woody Allen se é capaz fazer humor a ridicularizar a Telecom Italia depois de ele ter feito um anúncio a promover a marca. Também nunca ouvi ninguém a perguntar ao Seinfeld se será capaz de ridicularizar o American Express agora que aceitou dar a cara pelo conhecido cartão de crédito. E não tenho qualquer recordação de que alguém tenha alguma vez perguntado ao Herman se é capaz de ridicularizar a Sumol, a Mercedes e a Galp Gás, por ter feito anúncios para esses produtos. Se não perguntam isto a gigantes da comédia, porque é que haveriam de fazê-lo a um borra-botas como eu?
Segundo, e apesar de estar disposto a admitir que o Montepio Geral é, de facto, uma instituição que se presta aos mais variados e hilariantes comentários humorísticos, a verdade é que, nos sete anos de trabalho como autor de textos humorísticos que precederam a gravação do anúncio, nunca tive oportunidade de fazer uma única piada que fosse sobre o Montepio Geral - e apesar de, por dever de ofício, seguir com atenção o que se faz no ramo da comédia no nosso país, devo dizer-lhe que não me lembro de um humorista português alguma vez ter feito uma piada que fosse sobre o Montepio. É lamentável mas nem o Herman, nem o Raul Solnado, nem o Nicolau Breyner têm piadas ao Montepio no seu repertório. É capaz de ter sido esquecimento.
Terceiro, nunca ninguém me perguntou - e, pelos vistos, a questão não é das que inquieta o Mário - se eu me sentia capaz de ridicularizar qualquer dos meus outros empregadores. Isto, sim, eu acho curioso. Porque é que o Mário escolheu o Montepio e não outra das entidades que me paga para fazer o meu trabalho? Porque é que está preocupado em saber se eu sou capaz de ridicularizar o Montepio mas não tem interesse nenhum em saber se eu me sinto com força para fazer pouco da SIC, do Balsemão, d' A Bola, do Público, da TSF, das Produções Fictícias - e de todas as outras entidades pelas quais já fui remunerado (e que têm, muitas delas, bastante mais razões para serem escarnecidas do que o Montepio)?
Pessoalmente, poderia avançar com uma explicação. Mas é bastante desagradável, e não quero acreditar nela...
Cumprimentos do
Ricardo
Em resposta ao primeiro argumento, só posso dizer que se não perguntaram nada aos gigantes como ele diz, deviam ter perguntado, e se calhar até perguntaram. O segundo argumento não tem sequer tem cabimento nesta questão. Quanto ao terceiro, que é o único que aparentemente tem alguma ponta que se lhe pegue, não deixa de ser uma falácia. O Ricardo, com ou sem intenção, esquece que ele trabalha para estas empresas, não lhes faz publicidade. O Montepio não lhe paga para trabalhar. Isso seria o mesmo que questionar um comediante por ir actuar um bar qualquer, sabendo ele que depois não pode criticar esse mesmo bar.
A questão aqui é saber se alguém quando faz publicidade a uma empresa ou produto, pode depois criticar a empresa ou produto. Ou dito de outra forma, quando uma empresa contrata uma figura pública para fazer publicidade, aceita tranquilamente que depois essa mesma figura pública faça comentários negativos à empresa ou aos seus produtos ? Sejamos razoáveis. A resposta a esta questão há muito foi encontrada. Tanto o Woody Allen, como o Seinfeld, como o Herman, como o Ricardo, sabem que quando assinaram o contrato estavam também a comprometer-se, por escrito ou não, que deixariam a empresa e os seus produtos fora do raio de acção do seu humor. Para o Ricardo não dizer outra vez que estou a implicar com ele, eu dou o exemplo do Pedro Tochas : Será que se ele amanhã disser numa revista qualquer que a Frize não presta, o pessoal da Compal continua a contratá-lo ?
Basicamente, é uma opção de carreira que um artista toma consciente das suas contrapartidas. Mas que depois tem de aprender a viver com elas. O Ricardo aparentemente ainda não aprendeu.
Termino citando o Bill Hicks :
"Here's the deal, folks. You do a commercial - you're off the artistic roll call, forever. End of story. Okay? You're another whore at the captialist gang bang and if you do a commercial, there's a price on your head. Everything you say is suspect and every word that comes out of your mouth is now like a turd falling into my drink."
Apenas mais uma nota. O Seinfeld não é nenhum gigante. Convém não confundir a série, essa sim gigante, com o comediante. Em duas palavras: Larry David.
Sentiu-se picado na tenrinha, é o que a resposta dele diz. Pena, que ele até tem alguma graça, mas não tem fair-play.
5:06 AM
Primeiro que tudo eu queria congratular o Montepio. Haja mais empresas dispostas a fazer publicidade agradável e apostando em humoristas com verdadeira piada.
Segundo, se o Mário apenas faz uma constatação de que o humorista, por causa do contrato, se vê impedido de criticar uma entidade, que até é mais um gesto de bom senso do que contratual, tudo bem.
Mas se o Mário acha isso mal, então não concordo. Eu não acho mal, acho bom senso. Ele não é obrigado a criticar para cumprir a sua função social. Aliás ele não tem função social nenhuma. Ele faz o que quer e o que lhe apetece. Nós podemos gostar mais dele ou menos em faxce dessas atitudes, mas isso é pessoal. Pessoalmente, se ele desatasse a falar mal do Montepio eu perderia a minha consideração por ele.
Comparo esta situação com a de possuir um jornal. O nosso dever é com a verdade ou com os nossos leitores? É que a verdade absoluta é incomprovável e a objectividade absoluta para a encontrar não existe. Isto para chegar à famosa frase: "Free press it's your own press". E assim não posso que possamos julgar a independência de alguém. Cada um tem a sua decisão própria. E vivo bem com isso.
10:27 AM
acho que o teu argumento é que é falacioso. fazer humor ao serviço de uma marca é diferente de fazer humor ao serviço de um bar? porquê? ambos se destinam a promover quem contrata e a fazê-los vender mais. parece-me óbvio. aliás, o exemplo escolhido é péssimo, porque se um humorista contratado por um bar se puser a criticar, nunca mais é contratado. vamos supor que um comediante é contratado pelo amo-te chiado e começa a dizer que as bebidas são uma merda e a achincalhar o pedro miguel ramos. parece-me que não volta lá.
12:10 PM
Se sabe a resposta porque a pergunta o incomoda tanto?
12:36 PM
Salvador :
"Ele não é obrigado a criticar para cumprir a sua função social. Aliás ele não tem função social nenhuma. Ele faz o que quer e o que lhe apetece."
Tem o comediante uma função social ? A questão é pertinente e será abordada por mim em post separado.
Anónimo (10:27 AM):
É claro que o exemplo que deu do Amo-te chiado não é irrealista, mas há uma diferença. Um bar contrata um comediante pelo que ele é, da mesma forma que um jornal contrata um colunista. Não há, ou não deve haver, lugar a qualquer surpresa. O dono de um bar que despedisse um comediante nestas condições estaria no mínimo a ser mau gestor.
No caso da publicidade é diferente. Quando uma empresa contrata alguém conhecido é para esse alguém ser a cara da empresa. Não é o seu trabalho em si que está a ser pago, mas o seu endosso, a sua recomendação.
Voltando aos jornais, pode-se de certa forma comparar com um jornal aceitar publicidade de uma empresa e depois sentir-se constrangido a dar uma notícia negativa dessa mesma empresa, mas não é comparável por exemplo com um colunista.
Anónimo (12:10 AM):
A minha pergunta era uma forma de crítica da atitude do RAP de fazer publicidade.
2:29 PM
engraçado... como toda a gente salta a defender o RAP com respostas definitivas... como se alguém tivesse atirado bosta à cara do rapaz... isto é um debate de ideias, gente, não é pessoal... todos gostamos do RAP-az, mas que ele está entalado entre a liberdade e o cheque, lá isso está - estamos todos, qual é o problem?
5:02 PM
Já alguém parou para pensar que é um bocado ridículo falar-se em criticar o Montepio Geral? Quantas piadas sobre bancos é que conhecem? Dá-me ideia que um humorista vive bem mesmo se não puder criticar o Montepio... Além disso, nem sequer era daqueles anúncios que gabam o produto do género "compre este shampoo que eu experimentei e gostei". O anúncio era igual ao sketch da Radical. Ele nem sequer menciona o produto. Se é mau fazê-lo ao serviço do Montepio, já devia ser mau fazê-lo ao serviço da Sic. Parece-me óbvio que o que chateia aqui é ele ter recebido muito dinheiro para fazer o anúncio.
5:07 PM
eu nem preciso de defender o RAP, embora se fosse preciso estaria disposto a fazê-lo :)
o que eu defendo são as empresas, os indivíduos e as livres associações entre indivíduos e empresas.
cada um está no seu direito de gostar mais ou menos do RAP por causa dos produtos que ele defende... eu por mim gosto mais.
para mim o argumento de que o humorista é um "vendido" não colhe.
Caro Mário,
eu não acredito nessas coisas de função social. cada um é livre de fazer o que lhe der na mona, e cada um é livre de gostar mais ou menos deles...
5:42 PM
Discussão absurda. Que função social poderá haver em criticar as águas Frize ou créditos bancários? Razão para alarme haveria se um humorista não fosse capaz de criticar os políticos e outros detentores do poder, por exemplo. Criticar aspiradores e limpa-vidros, que propósito serve? De resto, parece-me claro que qualquer pessoa que faça troça do patrão publicamente é despedida. Quer na publicidade, quer fora dela.
10:39 PM
LOL!
É por isso que visito este Blog.
Não concordo com muitas das ideias do seu autor, mas gosto de discordar e gosto de debates!
Parabéns ao autor, conseguir colocar a malta a debater o ser ou não ser da comédia, do humor, do Montepio, do cheque ao fim do mês.
Vou continuar a voltar cá!
E já agora concordo... não havia necessidade do RAP-az fazer publicidade, muito menos usando como base de fundo um do sketch mais conhecidos do Gato
Ass: Anónimo (12:10 AM)
11:01 PM
Qualquer figura pública tem uma função social. E quando alguém decide ser uma figura pública o preço que paga por isso é deixar de poder fazer o que lhe der na real gana.
Quanto à publicidade... quando se contrata alguém para fazer publicidade, o Mário referiu e eu concordo, que essa pessoa além de recomendar está a dar um rosto à entidade que representa. E existem regras que têm que ser cumpridas de parte a parte. Se assim não fosse porque que retirariam o Carlos Cruz da publicidade? Mais... ele ainda não foi julgado, não sabemos se é culpado ou não e mesmo que fosse, apenas estaria a fazer algo que lhe passou pela real gana. (Eu sei que estou a expor uma ideia recorrendo ao método da redução ao absurdo!)
O Montepio Geral contratou um humorista para a sua publicidade que é conhecido por ridicularizar as situações. Será que não seria uma forma de "psicologia invertida" o RAP um dia ridicularizar o MG? Tipo "Mesmo naquele programa o RAP está sempre a falar do MG!" Funcionava à mesma como publicidade!
11:02 PM
Grande Mário, está a ficar famoso! Agora a sério, não me choca o RAP fazer publicidade ao Montepio. E nem sequer, como já vi aqui criticar, com o sketch do Gato Fedorento! Foi ele que inventou o sketch, que o escreveu... E quanto a ficar "vendido" ao Montepio... Não acredito, depois de feita a publicidade e recebido o cheque, o que impede RAP de brincar com o Montepio? Que eu saiba não tem contrato vitalicio... Mas, amigo Mário respeito a sua opinião e o seu post é pertinente e lançou uma boa discussão e já agora o RAP com o estatuto já adquirido podia ter ignorado o post e não o fez... acho bem! Incomoda-me é o facto de eles irem mudar da Sic Radical para a TVI (segundo boato, sem qualquer ponta de confirmação).
Abraço.
12:14 AM
Já vai tarde, mas cumpre-me agradecer a todos os comentários deixados.
4:16 PM
Será pura curiosidade minha ou neste post muitos comentaram anonimamente?
5:44 AM
É curioso, não é ?
6:41 AM
Percebo a pergunta do Mário. É pertinente! Pessoalmente não me faz confusão nenhuma o moço fazer publicidade. Mas a pergunta continua a ser pertinente.
Esta minha pergunta não é nem pro, nem contra RAP. No meio disto tudo lembrei-me: e se o RAP tivesse feito publicidade ao BES?
E não me venham dizer que não havia nenhuma razão para ridicularizar este banco... O que não faltam são razões: Pinochet branqueia no BES dos EUA, sobreiros, mensalão no BES do Brasil, etc. Tirando as outras que nem chegaram aos ouvidos da maioria (não estou a falar do PS)!
Mário, um abraço e parabéns. Não é todos os dias que se faz anos (costuma ser uma vez por ano)! Gosto muito de cá vir. É um dos poucos que visito assiduamente. A título de exemplo, sou fã do Stand Up Comedy! Muito bom!
Parabéns again
9:03 PM
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