Entrapment
Eu sou a favor da lei do aborto mas considero que é um atentado à democracia ela ser aprovada no parlamento depois de anteriormente ser sido sujeita a referendo. Qualquer matéria, a partir do momento que é referendada, só pode ser alterada por outro referendo. Caso contrário, qual é o seu sentido ? Um mero instrumento político que se usa e abusa conforme a conjuntura ?
Mais. Nas últimas eleições, como diz e muito bem o HMémnon, havia a promessa que a lei só seria alterada por via de referendo. Mas agora, com uma maioria no bolso, José Socrates pondera o contrário. Eu pergunto, quando uma maioria impõe o que quer, estamos perante o quê ?
Mas a atitude do PS ainda consegue ser mais anti-democrática. Se entende que o parlamento está perfeitamente mandatado para legislar, porque razão apresentou uma proposta de referendo ? No fundo, o que o PS nos está a dizer é que quer aprovar a lei, sem olhar a meios. Eu pergunto, quando os fins justificam os meios estamos perante o quê ?
Seja como for, a possibilidade que José Sócrates considerou de a lei poder ser aprovada no parlamento não deixa de ser uma armadilha para os candidatos presidenciais.
Quando os jornalistas perguntarem a Cavaco Silva se ele aprovará uma lei do aborto oriunda do parlamento, será que ele, conhecido opositor, poderá pronunciar-se no sentido de exigir um referendo sem ser acusado de má fé ? Ou seja, sem ser acusado de utilizar o referendo para fazer valer a sua posição sobre uma deliberação do parlamento ? E se disser o contrário, não será acusado de desrespeitar o referendo como o PS ?
E se essa pergunta for feita a Mário Soares ou a Manuel Alegre, poderá qualquer um dos dois defender a aprovação da lei sem serem acusados de atropelar a democracia ? Ou, pelo contrário, poderão exigir o referendo sem ser acusados pelos seus pares de traição ?
Mais. Nas últimas eleições, como diz e muito bem o HMémnon, havia a promessa que a lei só seria alterada por via de referendo. Mas agora, com uma maioria no bolso, José Socrates pondera o contrário. Eu pergunto, quando uma maioria impõe o que quer, estamos perante o quê ?
Mas a atitude do PS ainda consegue ser mais anti-democrática. Se entende que o parlamento está perfeitamente mandatado para legislar, porque razão apresentou uma proposta de referendo ? No fundo, o que o PS nos está a dizer é que quer aprovar a lei, sem olhar a meios. Eu pergunto, quando os fins justificam os meios estamos perante o quê ?
Seja como for, a possibilidade que José Sócrates considerou de a lei poder ser aprovada no parlamento não deixa de ser uma armadilha para os candidatos presidenciais.
Quando os jornalistas perguntarem a Cavaco Silva se ele aprovará uma lei do aborto oriunda do parlamento, será que ele, conhecido opositor, poderá pronunciar-se no sentido de exigir um referendo sem ser acusado de má fé ? Ou seja, sem ser acusado de utilizar o referendo para fazer valer a sua posição sobre uma deliberação do parlamento ? E se disser o contrário, não será acusado de desrespeitar o referendo como o PS ?
E se essa pergunta for feita a Mário Soares ou a Manuel Alegre, poderá qualquer um dos dois defender a aprovação da lei sem serem acusados de atropelar a democracia ? Ou, pelo contrário, poderão exigir o referendo sem ser acusados pelos seus pares de traição ?