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A Fonte

O que há de errado comigo ? Eu não sei nada e continuo limpo.

"Big Brother" Versus "Quinta Das Celebridades"

O post da Isabela merece-me alguns reparos, dúvidas, graças e ironias.

Assim :

A estratégia de Cavaco Silva, […] desde que legal.
O que é que isto quer dizer ? As estratégias eleitorais podem ser legais ou ilegais ?

[…] quanto a Cavaco, já a tinha delineada no dia em que saiu do governo para se tornar O Humilde Professor.
Cavaco Silva sempre foi O Humilde Professor. Não é de agora.

Cavaco não será a raposa velha, como Soares, não tem o seu dom da palavra nem a sua mundividência; não se desembrulha de improviso; não consegue enfrentar um argumento forte, arrumando-o com graça, ironia; sabe apenas responder lateralmente, e fugir; ou seja, no que respeita ao exercício de combate verbal político.
Um político pode fugir a uma questão com uma “graça, ironia”, mas não o pode fazer “lateralmente” ? E o que queremos e precisamos é políticos que se saibam “desembrulhar de improviso” das perguntas difíceis ?

Cavaco não chega à sola do sapato de Soares, nunca.
Em quê, concretamente ?

Sabe que o seu estilo tem de ser diferente, e escolheu um muito caro aos portugueses: […] ser humilde e honesto, falar pouco, fugir de questões, não se irritar, vir de baixo, ser pobrezinho ou mais ou menos!
Se o estilo de Cavaco é “humilde e honesto”, qual é o de Soares ?

Porque o mundo mudou, vive uma crise profunda, e, agora, apliquemos-lhe o código da crise: o do silêncio. Por isso, não, não ataca o adversário, porque o mundo mudou!
Primeiro a pergunta da entrevistadora é estúpida. Segundo, tens razão. Ele não soube fugir lateralmente. Se ao menos tivesse dito uma “graça” …

[…] verão um Cavaco-Zé Maria a recusar, por respeito, valor tão caro aos portugueses!, confrontos gratuitos com a raposa Soares-Marco.
Achas mesmos que os portugueses não gostam de confrontos gratuitos ? Não será antes ao contrário ? Lembras-te das audiências do pontapé do Marco ?

E quando, na próxima feira de Natal, lhe cair dos beiços o farelo do bolo-rei, vamos dizer: ai, que simples que ele é, que espontâneo, tal e qual o meu tio Manel...
Não é o que se costuma dizer de Soares, que é espontâneo ?

Cavaco não é simpático, não sorri como Soares, não mostra ser capaz de se descontrair, mas quem é que disse que os portugueses gostam de políticos simpáticos ?
Só quando estamos com graças e ironias é que geralmente sorrimos.

Os portugueses, a quem sorri, chamam leviano (muito riso, pouco siso); os portugueses gostam de ver o chicote pendurado na parede, […] Pelo menos tínhamos emprego.
Há de facto muita gente que pensa assim. Mas não creio que, e segundo as sondagens, seja metade da população. Digo eu, claro. É apenas um palpite.

É por isso que Cavaco é perigoso. É por isso que quando o vejo dizer que não vai responder a ataques, até tremo.
Presumo que no debate do Carmona-Carrilho deves ter aberto uma garrafa de champanhe.

Discussão de ideias? Qual discussão de ideias? Um ditador não discute ideias, porque um ditador não tem dúvidas e raramente se engana.
Gostava que me dessem um exemplo de Soares, Alegre, Guterres, Sampaio, Portas, Santana, Louça, Durão, Constâncio, Fazenda, etc, etc, etc, terem alguma vez admitido que se enganaram ou que tiveram dúvidas do que quer que seja. Se há coisa que os políticos têm que afirmar convictamente são as suas convicções e a sua actuação. Caso contrário, quem é que teria confiança neles ? Mesmo o Guterres, que se fartou e fartou de lembrar essas palavras, não assumiu qualquer erro quando fugiu do pântano. Inclusive tentou convencer-nos que o estava a fazer para o nosso bem.
Mas, o mais curioso é que Cavaco até já admitiu que se enganou e cometeu um erro político num decisão que muitos dizem ter sido o “princípio do fim”. A famosa ponte de Carnaval não concedida. Ele já reconheceu um erro. E Soares ? Já reconheceu algum, ou também nunca se engana e raramente tem dúvidas ?

É por isso que é urgente pôr o Cavaco a falar.
Esta, sinceramente não percebi. Então Cavaco não falou ontem ?

É urgente instigar o “bicho” a mostrar dentes e garras antes das eleições, os que tão bem lhe conhecemos, e que uma década de distância não nos pode ter feito esquecer.
Se é sangue que queres, não te preocupes. Vais tê-lo no debate Soares-Alegre.

(Publicado n’O Eleito)
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