Mais um entrevista do Carlos Vaz Marques, desta feita com José Saramago.
O gajo, lembra-se de dizer que nada, nem ninguém é imortal. Pergunta-lhe o entrevistador : “E as obras de literatura ?” – “Não. Nada é imortal”. Enfim, mais ou menos isto.
Eu, como sou bruto, insensível e pouco paciente para gajos como o Saramago, teria dito qualquer coisa como isto : “Ouça lá, ó sua besta. Ou você é burro ou então quer fazer de nós todos burros. Então e as obras escritas à 100, 200, 500 anos atrás não são imortais ? Então e o Camões ? Não é imortal ? Foda-se, acabou a entrevista.”
O CVM, como nem é bruto nem insensível e tem, (tem que ter), paciência para gajos como o Saramago, disse-lhe qualquer coisa como isto :
- Não há imortalidade - remoía o gajo.
- Entra o génio de CVM. Cita : “Camões falava daqueles que ‘por feitos valorosos se vão da lei da morte libertando’. “
- Mesmo assim - insiste o antigo-saneador-político-do-prec
- Nem por feitos valorosos ?
- Não - insiste o comunista-que-vive-num-paraíso-em-espanha-e-que-de-vez-em- quando-vem-cá-a-portugal-chatear
- Nem por bons romances ?
- Não - insiste o amigo-do-fidel.
Não sei se estão a ver bem a genialidade da coisa. Não lhe perguntou se Camões era imortal, mas citou-o. Quando se cita uma obra com 500 anos …
E depois quando lhe pergunta pelos bons romances, o CVM merecia uma medalha, pois esta é digna do Mourinho, perdão, de Deus, perdão, de herói. Ao perguntar-lhe pelo bons romances, estava obviamente a perguntar-lhe pelos romances dele. Uma espécie de armadilha, portanto. E Saramago, vaidoso, responde que não, não percebendo que CVM estava no fundo a dizer-lhe : “Está bem abelha. Ora explica lá, e os teus romances, também não são imortais ? O que não é imortal é a merda que sai da tua boca, directamente da merda da tua cabeça.” Mas, lá está. Admito que uma vez mais o Carlos Vaz Marques não tenha pensado assim.