Renato Manfredini Jr. nasceu em 27 de Março de 1960 no Rio de Janeiro. Filho de uma família de classe média, ainda criança morou em Nova York.
Renato teve uma juventude marcada por problemas de saúde. Dos 15 aos 17 anos, Renato sofreu de uma doença chamada epifisiólise, de fundo virótico e foi obrigado a andar em uma cadeira de rodas. Sofreu uma operação para colocação de pino de platina. Por causa da dor, não saía de casa e daí veio o interesse pela música. Formou o grupo de rock punk Aborto Elétrico em 1978 de onde surgiu a Legião. Teve problemas de dependência química, assumiu sua postura homossexual publicamente em 1990. É responsável por todas as letras do grupo.
O lugar de Renato Russo não pode ser ocupado por ninguém dentro da música bra
sileira. Nenhum outro compositor rasgou a alma com a sinceridade do cantor e poeta da Legião Urbana. Quando o grupo surgiu para o grande público em 1984, ninguém no Brasil tinha expressado com tanta coragem e sensibilidade o que Renato che
gou cantando. As relações de poder nos relacionamentos, o desencanto com a política, a raiva de mãos amarradas dos jovens, os medos, as ansiedade, as fraquezas, sentimentos que nunca tinham sido expostos afloram nas inesquecíveis canções de Renato. Selvagem e doce, nas letras e nas entrevistas ele se abriu como nenhum artista teve coragem de se abrir no Brasil.A identificação com aquele ídolo que se revelava tão frágil foi imediata para milhares de jovens do pais inteiro.
Na madrugada de 11 de outubro de 1996, Renato morre em seu apartamento no Rio de Janeiro. Renato nunca admitiu ser portador do vírus da AIDS, talvez para evitar a exposição dolorosa vivida por Cazuza, mas deixava pistas incontestáveis sobre sua relação com a doença. Na canção A Via Láctea, ele deixa claro o momento de fragilidade e solidão que estava vivendo: "Hoje a tristeza não é passageira. Hoje fiquei com febre a tarde inteira. E quando chegar a noite cada estrela parecerá uma lágrima...". Este tom amargo era freqüente em suas composições. Mas nem tudo era tristeza para Renato Russo.
Ele também cantou a alegria, usou a música para contar histórias, fazer críticas políticas e sociais. Quanto ao álcool e às drogas, ele tentou várias vezes abandoná-las, mas as recaídas sempre acabavam acontecendo. Segundo a mãe do cantor, Maria do Carmo, o nome do álbum "A Tempestade...", revela bem o estado de espírito do cantor pouco antes da sua morte. Ela disse que esse nome foi escolhido porque havia uma tempestade dentro dele. "Ele quis chegar ao fim. Ele não se suicidou, mas simplesmente não lutou", declarou. Segundo a própria mãe de Renato, ele chegou a dizer a ela, antes de morrer, que só tinha sido feliz na infância.
"Essa é a música de que mais gosto, a coisa que fico mais feliz em ter conseguido fazer"
Giz
O Descobrimento do Brasil
1993